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Observar os artesãos permite entender o cotidiano da cidade do Rio de Janeiro que a Corte portuguesa encontrou ao desembarcar em terras brasileiras. O que se verificava era artífices em meio à uma variedade de ricos, pobres, legais, ilegais, imigrantes portugueses, escravos (alforriados ou não) e migrantes internos. Embora a sociedade fosse escravista, a maioria da população era livre e muitos dos artistas coloniais se identificavam como artesãos. A posição na hierarquia desses artífices, escravos ou não, e a mobilidade social que alguns deles conquistavam, também é abordada no texto, que discorre sobre o que ocorria com as corporações de ofício em virtude da escravidão e a contradição que havia entre a regulação da atividade pelo Estado e pelo restrito mercado. Nas palavras de Hebe Mattos, professora Titular de História do Brasil e que assina a apresentação do livro, "Especialmente evocativa é a imagem utilizada [pelo autor] da pirâmide torta, pois os mais bem sucedidos tendiam a aproximar-se da situação de rentistas e homens de negócio, afastando-se do artesanato". Através dos artesãos, cuja atividade estava exatamente na fronteira entre cidade e campo, também pode ser vista a preponderância da cidade do Rio de Janeiro. Manifestada antes da chegada da Corte e mantida a partir da Independência do Brasil. Tal preeminência pode ser identificada na observação de muitas edificações das ruas centrais da cidade, onde constatamos um patrimônio histórico construído por artesãos, algumas vezes para suas próprias instituições. É o caso, por exemplo, da igreja de São José, que tem sua origem nas Irmandades.
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