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Jogando capoeira por cima dos passos de Arnaldo Xavier (1948-2004), poeta negro ainda incompreendido pela nossa crítica, que não sabia lidar com a sua inventiva heterodoxa, Guellwaar Adún brinca de poliglossia, sublinhando a característica multilingual dos africanos e de toda negritude na diáspora. Num gesto lúdico, ludibria, com a cabriola ligeira, o óbvio que mata a palavra, e assume arnaldianamente uma herança que se firma e repensa no corpo da linguagem. Estamos diante de um livro que assume a lacuna como método de construção e de mediação simbólica. É um livro íntegro, e cheio de ausências. Portanto, não é um livro fácil, afinal, para adentrar a Porteira não basta pedir licença, é preciso merecê- la.
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